16 de dez. de 2011

Coragem

Acabei não contando no que deu minha ida a psiquiatra. Tirando o ar-condicionado que estava quebrado, a atendente dela que leu minha ficha na minha frente e o fato da médica, uma velhinha, estar afônica, foi lindo. Queria ter gravado.

Entre outras coisas, falei sobre a decisão de me fechar e o quanto eu não estava sabendo lidar com uma nova aproximação: a vontade de oferecer atenção e carinho versus o medo de ser usada, ou simplesmente de ser machucada. O medo de sobrar na curva.

E olha, que coisa formidável ela me disse.

Ela me disse que quem dá mostra tudo o que tem de bom, mas quem cobra só demonstra sua pobreza. Que o ser humano tem uma capacidade infinita de amar, então, eu deveria apenas oferecer. Dar toda a atenção e carinho que eu quisesse e não esperasse, deixasse que isso fosse plantado, não importa quanto tempo demorasse. Um dia viria.

Eu, obviamente, fiquei :~~. Mas achei um conselho meio suicida. Até então, embora conflitante no estado de querer oferecer todo o amorzinho sobrando no meu coração (kkkkk), eu achava minha tática de fazer a Zaratustra isolada na montanha falando com os animais bem válida. Me achava altamente esperta. Por isso fiquei lá pensando no conselho da velhinha afônica, mas gente, será? E pensei e pensei e pensei. E resolvi arriscar. Aloka.

E gente, não sei se estou sabendo bem o que tô fazendo, mas aparentemente tem dado certo. Foi notável o fato de que foi só eu deixar de ser amarguinha e não só me deixar mais disponível para quando as pessoas precisassem como também ser mais atenciosa, que as pessoas deram um tempo na escrotice. Eu sei que nada mudou de verdade, sei que a grande maioria das pessoas continua sendo egoísta, fraca, e covarde. Enfim, nada confiáveis. Mas a verdade é que eu gosto de dar atenção, de dar carinho. E sendo sincera, isso estava fazendo falta para mim. Eu mal estava notando, mas estava fazendo falta. Veja só, a falta era de oferecer, não de receber.

Eu não sei como seria agora me entregar novamente a alguém desde o relacionamento que tive no ano passado, tão desonesto e frustrante, mas estou indo. Às vezes, vejo para onde as coisas estão indo e me vejo tendo medo, desconfiando, realmente me perguntando se eu seria mesmo capaz de acreditar outra vez. Mas é como a moça me disse: "é um salto de fé, você pode me segurar ou deixar que me eu me esborrache, eu só preciso saber antes". Aí é que tá, gata. Não temos como saber antes. E mesmo assim eu disse a ela: "o medo não vai me impedir de avançar". Não dessa vez.

Talvez eu não saiba mesmo o que estou fazendo e talvez eu esteja me jogando em mais um situação que vá me levar a quebrar de um jeito tão feio como a um ano atrás. Mas eu já comecei. O momento de correr já passou. Vou tentar não encarar como tolice, vou tentar encarar como coragem.

Com coragem.

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