12 de nov. de 2011

Inferno

Olha, vou dizer uma coisa viu. Dá mais não.

Daria um filme desses bem sofridos: passei a infância esperando o momento que meus pais se separassem para não ter de conviver com meu pai. Quando percebi que, mesmo com o fim do casamento deles, ele não sairia de casa, eu mesma decidi sair. Fiz vestibular pra federal, passei, suportei toda aquela interação forçada da faculdade, e por fim me formei. Quando pensei que finalmente poderia achar um emprego com um salário digno de sobrevivência o que acontece? Tenho uma tendinite causada pelo próprio trabalho. Passo bem dois anos pegando empreguinhos ruins até quando, no início desse ano, finalmente volto ao mercado de trabalho com um salário que me deixaria sair de casa... E meu pai perde o emprego.

(HAHAHAHAHAHAHA - pausa para risada de incredulidade - seriously, destino?)

Agora não posso sair, porque tenho de ajudá-los. E enquanto espero meu pai voltar a ter renda fixa (sem esperanças disso, já que ele passa o dia no facebook) tenho de não só suportar a presença dele - que me traz todas as lembranças ruins de tudo que ele já me fez - como também meus irmãos fumando, tomando porres, e que lindo, tem um ainda que vive traindo a namorada com a ajuda da minha mãe.

Não, chega.

Eu espero que eles tenham algum plano B, porque eu já tenho meu plano pra cair fora. Cansei. Fui saltitante tirar o cabo do monitor pra evitar que meu irmão traísse a namorada com ajuda do meu computador (quer trair, traia, só não vou ajudar, porque né, um pouco demais) e minha mãe deu um escândalo. Segundo ela, é melhor ele no facebook traindo a namorada que bebendo, por isso ela aceita. E acoberta. Rá.

E olha, que fique claro. Não quero mudar o mundo. Não quero tornar todas as pessoas corretinhas, confiáveis e responsáveis. Não, não. Eu só não quero participar disso. Eu só não quero um dedo meu nisso. Poxa, aquele computador que eu cedi a ele tem um nome, sabe. Eu comprei ele com muito esforço, porque nada me veio fácil. E daí tô na mesa comendo e vendo ele trair a namorada no mesmo monitor em que eu escrevi tantos textos, fiz tantos trabalhos, e desenrolei tantos relacionamentos. E sabe, relacionamentos, não essa merda aí que as pessoas imundas fazem umas com as outras. Mais uma vez, não quero mudar o mundo, só quero o direito de não fazer parte dessa merda toda.

Nem que isso signifique me isolar de todos, nem que isso signifique estar sozinha, até o fim. E sabe, tô me sentindo tão bem assim. Assim, sozinha. É tão bom, sabe? Que há de errado em gostar de estar assim? Só não me dou com gente. Só isso. E vamos combinar que as pessoas simplesmente não ~colaboram~.

O inferno são os outros.

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